Você gostaria de ficar entre

Você gostaria de ficar entre um grupo de 1.000 pessoas sabendo que, uma delas (talvez você), devesse morrer de forma horrível e que seria dado um aviso de 30 minutos antes do momento fatal?
É exatamente esta a situação que estamos vivendo hoje com a desativação da Estação Espacial MIR. O plano dos russos é diminuir sua velocidade, até que caia no oceano Pacífico, entre a Austrália e o Chile. Mas todos sabem os problemas que a MIR já enfrentou no passado: acidentes, incêndios e uma colisão que quase provocou o pior acidente da história dos vôos espaciais. Então qual é a segurança que nós temos desta vez? Eles vão fazer a coisa certa?
Os japoneses exigiram um relatório detalhado com atualizações periódicas do desenvolvimento do processo de reentrada da estação, pois mais de 130 toneladas do que sobrar dela, sobrevoarão, em órbita baixa, uma área populosa do Japão a caminho do Pacífico. Mas os russos estão otimistas, pois seus especialistas afirmam que a probabilidade de um problema desta natureza é da ordem de 1.000 para 1. Lembra do primeiro parágrafo deste texto?
E nós, brasileiros? Alguma autoridade, em qualquer esfera, gastou cinco minutos pensando no problema? Criando um plano de continência? Claro que não. Só o que importa é o que ACM ou FHC ou um outro político qualquer está tramando em Brasília. No momento da desaceleração da MIR, um erro de um “fiapo” de grau ou um engano de um “espirro” de tempo, resultará em uma diferença de milhares de quilômetros aqui em baixo. Não anima nada saber que a área provável de impacto é um retângulo móvel de 19,3 km de largura por 5.792 km de comprimento, que é maior do que a distância de Porto Alegre (RS) a Boa Vista (RR). É dentro deste alvo, e com somente 30 minutos de aviso prévio, que em torno de 1.500 fragmentos de 18 quilos ou mais (o maior podendo pesar até 700 quilos) literalmente choverão sobre quem quer que esteja abaixo: peixes, pedras ou pessoas.
“Aahh… mas isto não acontece aqui com a gente” você pode estar pensando. Pois saiba que pode acontecer sim. E que já “quase” aconteceu. Lembra do SkyLab americano? Também era para cair no Pacífico. Aterrissou em pleno território australiano. E em 1978 um satélite de defesa russo mergulhou de órbita direto no território ártico do Canadá, espalhando detritos radioativos por uma área enorme. Já em 1991 a “mãe” da MIR, a Salyut 7, caiu nos Andes. E daí? Já é perto o suficiente para chamar sua atenção?
Só tenha em mente que o ponto de impacto será em algum lugar entre a Austrália e o Chile. Está certo, a Austrália é do outro lado do mundo. Mas você se lembra de onde fica o Chile? É aqui do “ladinho”. Uma inesperada condição atmosférica qualquer pode ser responsável pela alteração de curso da MIR, causando uma catástrofe. Interessante notar ainda que MIR significa Paz. Mas paz para quem?

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