Fo que eu f.. se quiser…

Você chegou aqui por que gosta de escrever contos ou romances? Maravilha. O que relaciono abaixo não são verdades absolutas. Funcionam para mim. São práticas que adoto no dia-a-dia. A idéia aqui não é parecer dogmático ou senhor da verdade. São pequenas atitudes que poupam tempo. E, de minuto em minuto, quando vc está escrevendo um romance que no final vai ter algo em torno de quase 300 páginas (+- 562 mil caracteres), isto faz uma grande diferença.
Estas dicas são expostas uma a uma quando vc entra no Manual de Sobrevivência do Novo Escritor, que a Nancy e eu estamos reformulando. Espero que sejam úteis.
– Nunca… nunca jogue fora as suas anotações de pesquisas.
– Mantenha uma agenda atualizada com os nomes e os telefones e/ou e-mails de todas as pessoas que você precisou entrevistar para produzir seu texto.
– É imperativo que você inclua nos agradecimentos do seu livro uma menção a todas as pessoas que você entrevistou. É também muito bom lembrar de mencionar aqueles que leram o original antes do livro ser publicado.
– Contrate um profissional para corrigir seu texto. Você não terá dificuldades para encontrar um professor de língua portuguesa ou literatura que, mediante um valor previamente acordado, corrija seus originais e converse com você sobre o livro como um todo. Dê preferência para professores universitários dos cursos de letras ou jornalismo. Pagar até US$ 1,50 por página, é razoável.
– Deixe seu revanchismo de fora dos agradecimentos e dedicatórias. Publicar uma obra deverá ser mais do que suficiente para apagar de sua memória os desgostos, todos os sorrisos velados e os comentários à meia voz às suas costas. Você não precisa carregar o resto de sua vida o peso das pessoas que n�o acreditavam em você.
– Deixe que outros façam certas pesquisas para você. Você encontra informação valiosa e “pronta” com agentes de viagens, em panfletos, com bibliotecários e donos de lojas.
– É muito importante saber escrever diálogos. Como um exercício, escreva uma linha de diálogo que você tenha ouvido em qualquer lugar e então faça com que a “conversa” caminhe, não importa para que lado.
– Abra um dicionário e escolha uma palavra qualquer. Escreva uma pergunta usando esta palavra e depois escreva a resposta.
– Analise o diálogo que você está escrevendo do ponto de vista da personagem, do local e do enredo. Depois faça-se as seguintes perguntas: Quem está dizendo isto, como é esta personagem fisicamente e qual sua ocupação? Porque esta personagem diria algo assim? Qual é a emoção dominante desta personagem neste momento? O que fez esta personagem dizer isto? Com quem ela estava conversando? Quais são os objetivos específicos desta cena? Quais são os sons e odores ambientes que seriam capazes de influenciar esta conversa? Esta diálogo evidencia algum traço importante da personagem que contribui de alguma forma para o andamento do enredo? Se estas perguntas tiverem respostas insatisfatórias, repense o uso deste diálogo e até desta cena como um todo.
– Escreva “resmas” de diálogos. É muito melhor ter várias opções e poder dar-se ao luxo de escolher entre as melhores.
– Os textos que você produz não são como seus filhos: intocáveis, puros e perfeitos. Se alguém lhe der sugestões, ouça todas. Descarte o que não for útil e use o resto.
– Lembre-se que o papel do editor não é só publicar seu livro. Ele tem direito (e provavelmente fará uso dele) para editar seu texto. Isto é: ele poderá sugerir e mesmo fazer alterações. Poderá até condicionar a publicação do seu livro a certas alterações.
– Dependendo do texto que você esteja escrevendo, talvez seja necessário fazer entrevistas. Faça então uma lista com os nomes de todos as pessoas que você vai entrevistar, separando-as em categorias como: fontes oficiais, especialistas e fontes acadêmicas que desenvolvem estudos ou trabalhos na área de seu interesse. Depois, entreviste “pessoas reais” que são afetadas direta ou indiretamente pelo assunto que você está pesquisando.
– Quando entrevistar pessoas, leia o máximo que puder sobre o assunto e leve suas perguntas por escrito. Comece com perguntas mais fáceis, para ir “aquecendo” o entrevistado. Termine com as perguntas que podem perturbar ou até enraivecer o entrevistado.
– Quando for marcar um horário para entrevistar alguém, esteja pronto caso a pessoa diga: – Ok, vamos fazer a entrevista agora.
– Se você estiver com dificuldades para fazer aquele primeiro rascunho, faça o seguinte: Leia a respeito do assunto. Tome notas. Leia de novo, prestando atenção para ver que não está lá.
– Faça pesquisas em bibliotecas, na Internet e/ou entrevistando pessoas. Quando as informações começarem a soar repetitivas, pare a pesquisa.
– Arquive suas anotações e informações imediatamente. Use um sistema funcional de organização para suas anotações, seja em computador ou não: nada é mais frustrante e desgastante do que passar horas procurando uma informação que você “achava que estava lá”.
– Leia e releia suas anotações. Sublinhe as partes mais importantes. Faça um esquema. Depois detalhe o esquema. Transforme este esquema detalhado em um resumo. Desenvolva o resumo. Mas lembre-se que vai chegar um momento em que você vai ter que escrever o texto propriamente dito.
– Quando estiver escrevendo uma história complicada, faça um roteiro resumido das cenas. Se ainda assim sentir-se perdido, escreva as cenas resumidamente em pequenas fichas e espalhe tudo na sua frente. Assim você terá uma visão de conjunto da sua obra, facilitando a análise da sequência de cenas e capítulos.
– Ouça sua intuição. Ela é como uma amiga fiel que se você trair, depois vai se arrepender amargamente.
– Não confie só no seu computador.
– Não faça backups só em disquetes. Imprima seus textos periodicamente. Disquetes não são confiáveis por mais do que seis meses.
– Considere a hipótese de comprar um zipdrive. Você poderá armazenar em um disco de 100 megabites todo seu manuscrito e provavelmente a maior parte da sua pesquisa. Mas se você for mesmo cuidadoso, grave tudo em um CD e mantenha com uma cópia impressa em um local diferente de onde está seu computador.
– Nunca mande um texto para análise sem antes fazer uma revisão em uma cópia impressa.
– Sempre escreva uma “primeira versão”. Não crie desnecessariamente a imensa pressão de escrever sua “obra prima” assim que seus dedos encostem no teclado.
– Com frequência sua primeira versão será muito longa. Não tenha medo de cortar palavras, parágrafos e até cenas inteiras. Tirar um personagem do livro não é o mesmo que matar um filho. Você acaba esquecendo e usando em outra situação. Mas use o bom senso. Em ficção muitas vezes “menos… é mais”.
– Quando você estiver satisfeito com seu texto, verifique todos os fatos. Duas vezes.
– Quando o texto estiver terminado, afaste-se dele. Fique algum tempo sem ler nada sobre o assunto. Pelo menos dois meses. É o suficiente para você criar um distanciamento crítico em relação à sua criação. Você terá “esquecido” certas partes. Arme-se então do mais afiado senso crítico e aborde o texto como um pirata, pronto a cortar, eliminar, saquear e só levar consigo o que é realmente bom e valioso.

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4 Responses to Fo que eu f.. se quiser…

  1. Rosangela says:

    Ólá…Fábio!!!!!
    Gostei do seu blog, o nome é muito legal, e vc escreve muito bem!!!
    Vou visitá-lo mais vezes.
    E convido para conhecer o Certas Coisas, será bem vindo!!!
    Um beijo,
    Rô.

  2. a caipira says:

    Ótimas dicas!!!! Algumas eu já seguia, outras são muito valiosase eu não conhecia.

  3. a caipira says:

    Ótimas dicas!!!! Algumas eu já seguia, outras são muito valiosas e eu não conhecia.

  4. Lourdes Pourchet Joppert says:

    Gostei de tudo, fico meio inibida de falar ou melhor escrever para uma pessoa muito rica,(a riqueza não é só
    material).Estou escrevendo dois livros, um de pensamentos que me tocaram quando foram lidos… outro sobre genealogia (que trabalho) mas, falta pouco, o pior e que minhas pesquisas
    são feitas na Europa.
    Muito prazer em conhecer vocês, abraços e parabens, dá gosto encontrar um site como o seu.Lourdes

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