Timothy McVeigh vai morrer…

Timothy McVeigh vai morrer daqui a cinco dias. No dia 16 de maio de 2001, este homem responsável pela morte de 168 pessoas na explosão de um edifício em Oklahoma City, será atado com correias em uma maca. Receberá de forma intravenosa um forte anestésico que fará com que perca a consciência. Quando isto acontecer, o anestésico será substituído por uma substância que se chama “pavulon” que paralisará todos os músculos do seu corpo, inibindo a respiração. Finalmente, uma dose maciça de cloreto de potássio fará com que seu coração pare. No item “Causa da Morte” no seu atestado de óbito vai constar: falência do sistema respiratório e parada cardíaca.
O que ganha a sociedade americana com mais esta morte? O que ganha o mundo com mais este “exemplo” que os americanos estão tentando dar para todos nós? Apesar dos Estados Unidos se gabarem de ter o melhor sistema judiciário do mundo, foi provado pela Faculdade de Direito da Universidade de Columbia que 7% dos prisioneiros executados, era inocente. Erros e falhas nos processos levaram à morte pessoas que nada deviam à sociedade.
Mas mesmo entre os americanos existem vozes que se levantam não só contra a pena de morte, como ato institucionalizado, mas até mesmo especificamente contra a morte de McVeigh. Visite este site para entender o processo da execução e porque ela não deveria ocorrer.
Em seguida, clique aqui para assistir aos depoimentos dos guardas que vão executar McVeigh e a um impressionante slide show do local onde ocorrerá a execução.
Sou contra a pena de morte. Apesar do custo social que as prisões representam, o criminoso culpado e condenado deve permanecer vivo. É evidente que existem pessoas que exibem disfunções psicológicas que as levam a cometer crimes bárbaros e a mostrar uma chocante frieza quanto ao fato de se tirar uma vida. Estas devem ser tratadas. As outras são fruto do meio social que todos geramos. A estes criminosos deve ser dada a oportunidade de sentir no seu dia a dia na prisão o que representa o binômio ação e reação. Devem ser produtivos, devem trabalhar enquanto estão encarcerados.
Para os que acham que, perto do que as vítimas passaram, 30 anos em um presídio são férias prolongadas em um local pago pelo governo, saibam que vocês estão enganados.
Não pode ser considerada agradável a rotina da cela. Um local planejado para sete homens, no qual residem 35. Ficar em pé o dia inteiro, sentar no chão quando chega sua vez e dormir, poucas horas por dia, na mesma cama, no mesmo colchão e nos mesmos lençóis que mais seis homens usaram e que está, sempre, morno do corpo e do suor dos outros.
Não pode ser considerada agradável a possibilidade de múltiplos estupros, um depois do outro, durante horas, à vista de seus companheiros de cela que, em seguida, vão estuprar você também.
O sistema prisional está falido no Brasil. Presídios como Carandiru em SP, o Presídio do Ahú em Curitiba (que já visitei) e outros, não resolvem a situação. Expressões como “depósito de presos” e “escolas do crime” são freqüentemente usadas e estão gastas. Mas não se fala no desrespeito ao ser humano. Fala-se em estatísticas, em números, mas o indivíduo é esquecido. O drama individual de cada preso (e todos eles são dramas, não se iluda) não pode ser relegado a um terceiro ou quarto plano, enquanto políticos podres desfiam e declamam números, projetos, informações e promessas, todas elas vazias.
O problema não é o crime. O crime é o efeito. A causa está, na verdade, em diversos lugares: nas Câmaras de Vereadores, nas Prefeituras, nas Assembléias Legislativas, nos Palácios dos Governos dos Estados, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e no Palácio do Planalto. São os residentes e freqüentadores destes estabelecimentos os responsáveis pela situação da nossa sociedade. Foram eles que, por omissão ou ação direta geraram a situação atual da nossa sociedade e, por conseqüência. nos nossos presídios. Eles, os políticos, é que são os culpados, os criminosos, os ladrões, os assassinos. É contra eles que precisamos nos unir. É contra esta ralé que nos dirige para um futuro sem esperanças; é contra esta escória que nos rouba o amanhã; é contra esta malta que estupra nossa moral; é contra esta súcia que destrói, que apedreja, que ofende, que pisa, que desonra, que ridiculariza, que humilha e que continua buscando “soluções políticas”… é contra esta gentalha, rebotalho, resto, coisa fétida, pútrida e nojenta, que precisamos nos unir.
Mas não com granadas, tochas, pistolas, paus e pedras. Nossa melhor arma é, e sempre será, o protesto, o argumento, o debate e, principalmente, o voto.

This entry was posted in Uncategorized. Bookmark the permalink.

2 Responses to Timothy McVeigh vai morrer…

  1. Bento Dias Gonzaga Neto says:

    Achei fantástico o artigo e gostaria de dizer que concordo plenamente com o autor. Somente nós é que podemos acabar oom a violência. Nós temos que nos unir uns aos outros para que tenhamos forcas e possamos vencer essa difícil e árdua batalha.

  2. Pedro says:

    Gostaria de dizer que não concordo com a maneira que você abordou o assunto. A parcialidade empobrece o texto e a visão geral dada ao assunto é reflexo de um pensamento utópico, que não percebe claras contradições nesse “mundo perfeito”.

Comments are closed.