Sabe uma coisa que me

Sabe uma coisa que me irrita profundamente? O achismo. A pessoa que começa a ler um capítulo de um livro e, vinte minutos depois, se acha no direito de transformar seu caixote de madeira em um pedestal ou cátedra e, lá de cima, dispensar sabedoria.
Cada vez que uma pessoa começa uma frase com a dupla maldita “eu acho”, tenho um ataque de urticária. Foi por isto que adorei o ensaio de Olavo de Carvalho na revista Bravo número 43, de abril de 2001. Ele resume o problema:
“O desejo de opinar não é aí um impulso que brote de dentro, um desejo normal de exteriorizar vivências interiores. É uma reação epidérmica à excitação ambiente, uma comichão, um vício. A moeda verbal que circula neste comércio não vale, rigorosamente, nada. Não há por trás dessas palavras uma intuição, uma percepção real, uma experiência cognitiva, por mais rudimentar que seja. Há apenas a estimulação verbal externa que suscita a imediata resposta verbal. Já comparei essa circulação de palavras ao herpes labialis, que transita de boca em boca sem passar pelo cérebro.”

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