E eu que me achava

E eu que me achava paranóico… leia na íntegra esta entrevista concedida pelo israelense consultor em segurança Eli Rahamim para o jornalista Ivan Finotti do site NO.
Toda vez que vai a um restaurante, o israelense Eli Rahamim faz questão de se sentar de frente para a porta. Raramente olha para o prato de comida chinesa à sua frente. Rahamim está sempre atento à entrada, analisando todos os fregueses que entram, procurando possíveis suspeitos. “De costas, você pode ser surpreendido”, ensina. Após o jantar, Rahamim leva sua namorada ao cinema. Pode ser um filme de ação, mas para relaxar ele prefere um drama de amor estilo “Titanic”. Ao contrário da maioria dos cinéfilos, o israelense foge das poltronas centrais e vai logo procurando um lugar perto das saídas de emergência. Durante a projeção, fica atento a qualquer movimentação na penumbra. “Veja o que aconteceu naquele shopping”, lembra referindo-se ao franco atirador que matou três em um cinema paulistano. Na saída para casa, Rahamim não se furta a dar uma boa olhada em seu carro estacionado. “Alguém pode ter colocado uma bomba”, garante.
Aos 29 anos, o consultor de segurança, professor de tiro, especialista em proteção de executivos e ex-instrutor de ações anti-terror e anti-sequestro do exército de Israel Eli Rahamim não se considera paranóico, mas profissional. “Gosto de controlar o que está acontecendo”, diz o israelense, já tomou um tiro na perna durante uma ação na Faixa de Gaza para o Mossad, o serviço secreto de Israel.
Agora no Tatuapé, bairro de novos ricos de São Paulo, Rahamim tem desenvolvido cursos de segurança em sua pequena firma na rua Nova Jerusalém (o endereço foi escolhido a dedo). A última novidade da Uzil Treinamento de Tiro e Consultoria Ltda. é o “Curso de Anti-Sequestro Relâmpago e Anti-Assalto – Sistema Israelense”, que dura um único dia e tem como público-alvo pessoas comuns. Para promovê-lo, Rahamim traz na ponta da língua o número de sequestros-relâmpagos nas portas de bancos 24 horas em São Paulo, no ano passado: 1.896. No currículo há desde Técnica de Linguagem Corporal dos Marginais (“Você pode perceber se ele está com medo olhando nos olhos”) até Dicas Especiais de Defesa na Residência, Locais de Trabalho, Lazer ou Restaurantes.
As aulas começaram a ser ministradas esta semana e, ao contrário do curso montado especialmente para executivos –nos quais não vai um único executivo, mas sim seus seguranças–, o curso para pessoas comuns tem atraído mesmo pessoas comuns. O estudante de economia Thiago Ávila, 21, era um dos alunos do professor Ramahim nesta quarta-feira. “Meu pai me mandou vir. Gostei. Já estou saindo na rua e olhando para todo lado, procurando suspeitos”, conta o rapaz, que mora no Sumaré, bairro de classe média de São Paulo. “As dicas são boas. Algumas são até óbvias, mas a gente não costuma praticá-las no dia-a-dia”, afirma outro aluno, engenheiro aposentado de 57 anos que já aprendeu pelo menos uma das técnicas anti-terroristas do professor: não revela seu nome nem sob tortura. Outro senhor que veio procurar ajuda contra a violência é Armando Maia, 58, dono d eum posto de gasolina em Campinas. “Já fui assaltado quatro ou cinco vezes, talvez mais, com arma na cabeça, obrigado a deitar no chão, etc.”, dia Maia. “Há muito tempo sentia necessidade de um curso desses. Mas queria um do nível de Israel. Pela briga que eles têm com os vizinhos, deve ser una técnica muito especial.”
Tão especial que Ramahim detesta dar detalhes sobre ela. “Non posso falar”, vive falando, com seu sotaque de estrangeiro amaciado por meia década de português. Mas acaba dando uma dica valiosa para os interessados: “O filme ‘Caça ao Terrorista’ tem muita realidade, é meu preferido. Dá para aprender muito sobre as técnicas israelenses. Tem na locadora.” Rahamim está no Brasil há cinco anos, desde que, segundo ele conta, recebeu uma proposta de trabalho. Aceitou e, por dois anos, foi sub-chefe de segurança da família Safra, dona do banco de mesmo nome. “Como sabe que é essa família? Non posso falar. Non pode escrever.”
Mas o que Rahamim odeia mesmo é falar de sua vida particular. Logo ele, que foi protagonista da história clássica: “Conheci uma brasileira –são as mulheres mais bonitas do mundo– e nos casamos. Mas por que está perguntando isso? Non gosto de falar.” Os dois estão divorciados há um ano, mas o israelense gostou tanto que não só resolveu ficar, como se naturalizou brasileiro. Você mora na rua Nova Jerusalém, Rahamim? “Non posso falar.” Por quê, não? Você tem inimigos? “Non, mas non quero dar dicas para as pessoas.” Você anda sempre armado, Rahamim? “Sempre! Às vezes uso arma branca. Mas non posso falar. Apaga isso, apaga.” E na hora de dormir, você leva a arma? “Non posso falar, non posso falar!”

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3 Responses to E eu que me achava

  1. Danimabi says:

    Esse cara é doidoooooooooooo!!!!!!!!11

  2. luiz Carlos de Paula says:

    Nom posso falar

  3. sergio says:

    se esse cara podesse falar que seguranca e puta em israel nao faltam e por isso e melhor procurar novos mercados estaria tudo muito mais justo do que simplesmente dizer nao posso falar,aguentar mulher israelense e ganhar menos do que cozinheiro em israel ele nao quer ,bobo ele nao ?

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