Toronto/2009

AVISO AOS NAVEGANTES – primeiro post feito daqui do Canada com o que ficou convencionado pelo Comitê de Textos Alternativos que será chamado de Teclado Gringo, o que poderá resultar na falta de algumas cedilhas e circunflexos. Aguente firme que eu arrumo tudo.
Pois é. Nos mudamos para Toronto. Agora que tudo que dizia respeito ao apartamento aqui está resolvido e as coisas de banco encaminhadas, a documentação para poder trabalhar regularizada (os equivalentes a CPF, PIS e RG), telefone instalado, celular funcionando, internet pronta para usar, cabo… e tudo o mais que a gente “take for granted” no dia a dia e que aqui foi preciso fazer de novo, estamos preparados para começar a vida de novo.
Estou batalhando agora para tirar a carteira de motorista. E envolve uma tradução feita pelo consulado brasileiro, fazer exames, aquela coisa toda. Por outro lado são tarefas que, depois de realizadas, nunca mais incomodam. Você provavelmente nem se lembra quando foi pegar seu RG na Secretaria de Seguranca.
O choque cultural é quase inevitável. Mas não pelas grandes diferenças – para estas a gente estava preparado. As pequenas coisas do dia a dia são as que mais desgastam. Exemplo: que amaciante a gente usa quando lava a roupa? Resposta correta – nenhum. O amaciante a gente usa na secadora. Coisas do hemisfério norte.
(para continuar lendo sobre o tema, clique no “mais” abaixo)


Quando a gente chega no Canada pode usar a carteira brasileira de motorista por 60 dias. Tínhamos que fazer umas coisas importantes aqui nos primeiros dias e acabamos alugando um carro da Hertz. Na hora de abastecer… nao existe frentista. Tive que aprender a usar a bomba de gasolina, escolher a octanagem do combustível e depois ir pagar lá dentro, no gabioto do atendente. Com outras coisas a gente se acostuma mais rápido – independente do sinal estar fechado, se não tiver pedestre atravessando na faixa, virar à direita é livre.
Mas andamos de metrô, bondinho, ônibus, 11:00 da noite ou 7:00 da madruga, quando ainda está completamente escuro na rua, e nos sentimos seguros. Há algumas semanas dois “amiguinhos“ trocaram tiros dentro de uma estação de metrô. Foi o maior escândalo dos últimos meses na cidade. A SWAT entrou em cena, o prefeito ficou louco da vida, fotos e vídeos do cara que atirou por todo lugar. A reação foi imediata. Prenderam o meliante em dois dias.
Já comecei as aulas na pós sobre jornalismo canadense. Fiquei feliz que fui aprovado com o equivalente a 9,5, sendo que os últimos cinco décimos me foram negados porque “nunca fiz trabalho comunitário no Canadá”. Não importou se eu tinha chegado no país há somente dois dias. Os canadenses levam muito a sério esta coisa do trabalho voluntário.
Tenho “coleguinhas” jornalistas do Egito, Paquistão, Índia, Japão, Zimbábue, Uganda, Venezuela, Peru, Colombia e Jamaica. As aulas são interessantíssimas e vão ser, definitivamente, essenciais para minha carreira aqui no Canadá. Como disse uma instrutora que se formou no curso e agora está atuando como professora na universidade e trabalha na CBC (a BBC Canadense) – tudo e networking. Já comecei a mexer meus pauzinhos (no bom sentido).
Passamos no início de fevereiro pelo que eles chamam de deep freeze. Estava -20 com wind chill de -31. Não tem roupa que chegue. O frio queima. Estabeleceram o que chamam de ‘warmimg centers’ em diversos lugares na cidade para as pessoas poderem se aquecer um pouco enquanto estão na rua.
A temperatura varia muito nesta época. Andamos pegando variações até +10. Hoje estava muito agrádavel. Céu azul (de Brigadeiro, como se fala em Curitiba) e temperatura variando entre +1 e -1.
No dia 15 de janeiro um cano estourou na central de distribuição de eletricidade da nossa região e apagou a luz. Quando cheguei da aula, tiritando de frio, era 22:45. Estava louco para tomar uma sopinha e cair na cama. Estava tudo escuro. Subi os 23 andares pela escada. Putz… preciso perder peso.
Um dos motivos pelos quais as pessoas têm “survival kit” em casa é que quando termina a eletricidade, termina o aquecimento e termina a água. E foi assim que cheguei em casa. Nancy estava agasalhadinha e fofa com as gatinhas. E uma salva de palmas para as esquadrias com vidro duplo que mantiveram parte do calor aqui dentro. Dormimos com dois cobertores. Tudo bem… atá as 6:00 da manhã.
A luz já tinha voltado. Mas acordamos com o alarme de incêndio. Uma coisa insanamente barulhenta e contínua. Seguimos o protocolo de incêndio, colocamos nossas duas gatinhas nas gaiolas, nos vestimos, a Nancy pegou os documentos (eu esqueci os meus, sou um jaguara!) abrimos a porta do apartamento para ver se não era só um mal funcionamento no nosso apartamento e… quem dera. Alarme geral.
E lá fomos nós descendo pela escada os 23 andares. Encontramos algumas pessoas pelo caminho e quando chegamos no térreo parecia uma festa do condomínio do loby. E ainda olharam para a gente como se fôssemos os últimos a chegar na festa sem trazer comida.
Sabe o que estava faltando? Fumaça e aquela coisinha… como é que se chama mesmo? Ha… sim – fogo. Faltava fogo. Lá pelas tantas informaram pelo intercom era alarme falso. Tinha rompido um cano por causa do frio no primeiro andar e o vazamento afetou os sistemas do prédio. Demos um tempinho (seguro morreu de velho) e voltamos para casa. O aquecimento voltou no início da tarde do dia 16 e não tivemos mais nenhum problema.
A coisas do dia a dia são mais simples. As pessoas se sentem seguras mas trabalham muito. Não existe muita desculpa. Culturalmente Toronto é uma Nova York do tamanho de duas Curitibas. Aqui a coisa ferve. A propósito, em abril vamos assistir a um show do Seinfeld. Se você gosta de standup comedy, deve saber quem é ele. No sábado assistimos ao show do Ron White. Fazer o que…

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1 Response to Toronto/2009

  1. E um viva à volta do Pensagens!! E essa de alarme falso… Sempre achei que só acontecia em filme! Putz… Que péssimo!
    Beijos!:grin:

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