Teoria de Alayde

Uma das minhas disciplinas no curso de jornalismo no Unicenp é Legislação e ética em Jornalismo. E, como todos os anos, na semana que passou chegamos ao final das aulas que versaram sobre a problemática Lei de Imprensa que ainda está em vigor no Brasil.
Gosto de mesclar noções de uma “ética tangível”, com os pós fundeados mais no dia-a-dia do que nas escolas filosóficas, às discussões sobre legislação. Foi assim que nasceu a “Teoria de Alayde Sobre o Dano”.
Este ano terminei a exposição com a tal teoria. Foi engraçado. A aula progredia normalmente até que, solenemente, informei que iria apresentar a visão de Alayde sobre o tema. Havíamos discutido em sala as diferenças entre calúnia, difamação e injúria, os tipos de culpa e as formas pelas quais os jornalistas podem ser punidos pela lei de imprensa. Mas faltava deixar claro ainda que, ser punido, é só parte do problema para um jornalista que, por negligência, imprudência ou imperícia, literalmente acaba com a vida de alguém.
Os exemplos são inúmeros: veja o caso da Escola Base, em São Paulo, pra citar só um. E aí entra a Teoria de Alayde.
Informei que a pessoa em questão, a Alayde (com ípsolon), era uma simpática velinha. E entre outros detalhes do seu currículo, que era minha avó. Neste momento os alunos que anotavam o nome tomando atenção dobrada para o “Y”, fizeram aquela cara de “putz!”.
Expliquei: aprendi com a minha Nona que, acusar alguém injustamente, é o mesmo que subir no alto de um edifício carregando um travesseiro cheio de penas e, então, irresponsavelmente, esvaziar seu conteúdo ao vento. As penas, claro, vão se espalhar. Reparar o dano é o equivalente a tentar recolher todas as penas. Algumas, você jamais vai encontrar.
Jornalistas devem ter sempre em mente: o dano, no caso da pessoa ofendida, em algum grau, será sempre irreversível.

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